sexta-feira, 6 de julho de 2007

As primeiras notícias do Canadá

Já estamos em Calgary e estamos bem. A cidade é linda, encantadora, mas não é sobre isso que falarei hoje, esse assunto ficará para um próximo post.
Sempre achei que a parte mais difícil do processo fosse mesmo a despedida, só não imaginava que seria tão difícil assim. Por muito tempo tentei segurar o choro e bancar a forte, dois dias antes comecei a desabar. Aproveito para me desculpar com as pessoas que estavam no aeroporto mas eu não me despedi. A dor era forte demais, preferi entrar logo na sala de embarque.
O vôo de Recife para São Paulo estava marcado para sair as 13:00hs, atrasou 1 hora. Quando chegamos no aeroporto, por volta das 11:30h, o check in da TAM estava super lotado. A nossa sorte foi a sábia decisão de despacharmos as malas mais cedo. Tínhamos direito a 2 volumes de 32kg cada (por pessoa), 2 estavam ok, porém 2 excederam o limite. Um deles excedeu 6kg, o outro, 11kg. Resolvemos tirar alguns livros da mala que excedeu 6kg, para que ela ficasse dentro do limite permitido, e dessa forma só pagaríamos excesso por 1 volume, pagamos US$ 120,00, aproximadamente R$ 250,00.
Chegamos em São Paulo por volta das 5:00 da tarde, fomos procurar o balcão da Air Canada, que não tinha nenhuma identificação, e por isso não foi fácil de encontrar, além disso o aeroporto estava um caos. Ficamos na fila por mais ou menos 1 hora até o check in abrir (6:30). A informação que recebemos em Recife é que não precisaríamos pegar a bagagem em São Paulo, apenas fazer o check in, as malas já saíram de Recife com a etiqueta do destino final, Calgary, mas precisaríamos pegar as malas em Toronto por conta da imigração. Ao chegar a nossa vez no check in em São Paulo fomos informados que uma das nossas bagagens não poderia ser embarcada pela Air Canada por conta do excesso de peso. Nessa hora quase entrei em desespero pois em Recife a informação que nos deram não foi essa.
O rapaz da Air Canada disse que não nos cobraria excesso, pois já havíamos pago, mas nós teríamos que tirar o excesso da mala e colocar em uma outra mala vazia. Esperamos mais de 30 minutos até identificarem e trazerem a nossa mala, lembramos que nessa mesma mala, havia uma antiga mochila do notebook vazia dentro. Eu não queria trazer essa mochila de jeito nenhum, trouxe por conta de Renato. Sentamos num cantinho no chão do aeroporto, próximo a uma parede, abrimos aquela mala gigante, e um monte de gente olhando, pensem no mico, tiramos a mochila e mais 11kg de coisas, quando enfim resolvemos tudo já era quase 8hs da noite.
Fomos a polícia federal no embarque internacional. Eu já vi fila grande na minha vida, mas como aquela, nunca. A fila estava um absurdo de tão grande, estava dando 4 voltas, fiquei apreensiva, com medo de perder o vôo. Como se não bastasse, tive que aturar durante toda a fila Renato me lembrando que a grande idéia de trazer a mochila foi dele, e me fazendo pedir desculpas a cada 5 minutos. A nossa sorte é que a fila estava andando rápido. Ao chegar a nossa vez, um policial que estava organizando a fila, simplesmente mandou que passássemos direto. Acho que ele foi com a minha cara, eu canso de dizer que devo ter uma cara de muito boazinha, Renato que estava atrás de mim só disse que era meu esposo e pronto, passou direto também. Ninguém olhou o nosso passaporte, ninguém fez nenhuma pergunta, ninguém pediu declaração de porte de valores.
Ao passar no raio x, eu levei tudo como manda a regra, em frascos de até 100ml, num plástico transparente, mas também em nenhum momento foi fiscalizado nada. Ao chegar no embarque internacional, só faltavam alguns minutos para o embarque, comemos correndo um pão de queijo na lanchonete que tinha a menor fila, pois estavámos famintos, sem almoço, havíamos comido apenas um sanduiche pequenininho no avião. Ligamos rapidinho para os nossos pais e entramos no avião. O vôo para Toronto estava lotado, cheio de adolescente, a nossa cadeira foi na penúltima fileira, cheirando o banheiro, pensei logo, vai ser uma viagem muito, muito longa. O vôo saiu com apenas 5 minutos de atraso e foi melhor do que eu esperava. O banheiro não exalou nenhum cheiro ruim, os adolescentes não perturbaram e meu MP3 voltou a funcionar. É esqueci de contar essa parte, meu MP3, com um repertório maravilhoso que minha irmã gravou para mim, nunca havia apresentado nenhum tipo de problema. Eu trouxe 10 pilhas para não correr o risco delas acabarem, e assim que eu entrei no avião em Recife fui liga-lo e ele não ligou. Mas ainda bem que nos dois vôos seguintes ele funcionou direitinho.
No vôo para Toronto eu até consegui dormir das 11:00 às 4:00, é claro que acordando algumas vezes com o avião tremendo, por conta de algumas turbulências que pegamos. Ah, logo que o avião decolou serviram o jantar. E foi jantar mesmo, com salada, franco, pão e sobremesa, daqueles que a gente via nos vôos de antigamente. Não sei se era a fome que era grande demais, mas nós achamos delicioso. Renato disse que não dormiu nada, mas ele não viu na hora em que eu fui ao banheiro, não viu as duas vezes que a aeromoça passou servindo água e eu tomei, e fora isso eu acordei com ele roncando. Imaginem se ele tivesse dormido! Ao acordar ele disse: "Nem parece que já voamos 8 horas." Antes do pouso serviram o café da manhã, e às 6:45 (horário de Toronto) nós chegamos.
Estávamos um pouco preocupados com a imigração e também com o chimarrão e os remédios que estávamos levando (nenhum controlado ou proibido, mas alguns sem receita). No primeiro estande da imigração o homem apenas olhou os nossos passaportes e nos mandou para outra sala. Essa outra sala é um tipo de sala de `explicação`, você tem que explicar alguma coisa. Ao chegarmos no guinchê, o homem nos mandou para a sala de trás. Nessa hora deu medo, estava cheia de estrangeiros com cara de ilegais. Depois chegou um homem e disse que os passageiros do vôo da Air Canada podiam vir, quase todas as pessoas da sala se levantaram. Achamos que eles estavam sendo deportados.
Ainda esperamos um pouco e chegou a nossa vez de ser atendidos. Mostramos os documentos e a mulher encrencou com a foto de Renato que estava com a data. Ela perguntou se tínhamos outra foto sem a data, começamos a procurar e eu encontrei uma 3 x 4, ela disse que não servia, tinha que ser do mesmo tamanho. Antes de ficarmos nervosos perguntei se isso seria um problema, ela disse que não, nos mandou para uma outra sala para tirarmos uma outra foto. (Só ai eu entendi porque quando recebemos o visto veio com uma foto `sobrando`). Fomos a outra sala, tiramos a foto e voltamos, ela perguntou o nosso destino, respondemos Calgary e ela alterou na ficha sem problemas, nos deu umas instruções e disse o que queríamos tanto ouvir: "Welcome to Canada."
Estávamos preocupados com o horário, pois já era mais de 8 da manhã e o nosso embarque estava marcado para as 8:25. Corremos para pegar as bagagens numa esteira que já estava parada, estavam lá todas as nossas malas. Vale dizer que 1 estava quebrada e outra, a que Tio Gilson nos emprestou, rasgada. Não tínhamos muito tempo para lamentar, pegamos e saimos correndo para a vistoria das malas. A mulher perguntou quanto estávamos levando em dinheiro, eu respondi e pronto, o fiscal mandou a gente seguir. Não conferiu nada, não perguntou sobre alimentos ou medicamentos, absolutamente nada. Mais uma vez eu digo que devo ter cara muito de boazinha. Colocamos as malas de volta numa esteira e corremos para o embarque. Chegamos no portão exatamente às 8:25, nem um minuto a mais nem um minuto a menos. Renato foi ligar para João e eu fui escovar os dentes, logo em seguida embarcamos.
Ao entrar no avião mais uma surpresa boa, a aeromoça me falou para apresentarmos os bilhetes que teríamos direito a uma refeição grátis. Isso pode parecer estranho, mas é que nos vôos daqui as refeições são para compra. Ao comprarmos a nossa passagem a agência nos informou que a refeição seria paga. Eu não perguntei o motivo de termos direito a refeição grátis, deve ter sido pela minha cara de boazinha. O sanduiche que pedimos não estava muito bom, mas pelo menos deu para enganar a fome até a chegada em Calgary. Ao chegarmos no aeroporto, os nossos amigos Cynthia e João, Manoel e Patrícia estavam nos esperando.
O restante fica para o próximo post!!!!

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